Saúde
Medicamento experimental brasileiro devolve movimentos a pacientes com tetraplegia

Pesquisa da UFRJ em parceria com o laboratório Cristália utiliza proteína da placenta humana e mostra resultados inéditos; tratamento aguarda aprovação da Anvisa para ensaios clínicos.
Um medicamento experimental desenvolvido no Brasil está trazendo esperança para pessoas com lesões graves na medula espinhal. Chamado polilaminina, o fármaco foi criado a partir de uma molécula presente na placenta humana e já possibilitou que pacientes tetraplégicos recuperassem movimentos antes considerados irreversíveis.
A descoberta é fruto de mais de 20 anos de pesquisa conduzida pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)em parceria com o laboratório Cristália. A substância atua na regeneração de neurônios e na reconexão das vias nervosas, ajudando a restabelecer a comunicação entre o cérebro e o corpo.
Resultados impressionantes
Desde 2018, seis pacientes receberam o tratamento experimental. Em cinco deles, houve evolução do quadro clínico: saíram da condição de lesão completa, sem qualquer movimento ou sensibilidade abaixo do nível afetado, para graus mais altos de mobilidade.
Um dos casos de destaque é o de Bruno Drummond, vítima de um acidente de carro. Após receber a polilaminina em menos de 24 horas da lesão, ele recuperou os movimentos dos braços e, com o tempo, voltou a andar. Outro exemplo é o de Hawanna Cruz, que começou o tratamento três anos após a lesão e apresentou ganhos importantes, como melhora no controle do tronco e na sensibilidade de órgãos internos.
O próximo passo
Apesar dos resultados promissores, a polilaminina ainda está em fase experimental. Para chegar ao mercado, precisa passar por ensaios clínicos regulamentados pela Anvisa, que avaliam segurança e eficácia em larga escala. A expectativa dos pesquisadores é de que o processo leve cerca de três anos até que o medicamento esteja disponível para a população.
Enquanto isso, a comunidade científica segue acompanhando os pacientes tratados e investigando o potencial da substância em casos crônicos e recentes de lesão medular.
Um marco para a ciência brasileira
As lesões de medula espinhal estão entre as condições mais incapacitantes da medicina moderna. Até hoje, não existe tratamento capaz de reverter totalmente os danos. Por isso, o avanço da polilaminina é considerado um marco para a ciência brasileira, podendo colocar o país na vanguarda da medicina regenerativa.
